terça-feira, 18 de outubro de 2011

Destinatario: Marilia








Algo despoletou dentro da minha cabeça a lembrança tua...


Onde estaras?
Estaras bem?
Como e´ a tua vida agora?


Vi-me invadida por milentas perguntas e assombrosas lembranças;
Sei que a tua vida nunca foi facil, era mais negra que o negro das noites que dividimos, era mais triste que as minhas lagrimas caidas;
Eras irma, mae, pai, dona de casa, estudante, trabalhadora, eras tudo o que nunca pensei que conseguisses ser, e ainda assim nao passavas de uma menina!
A tua face nao mais reside dentro do meu ser, apenas uma turva recordaçao da tua silhueta e olhos tristes residem dentro da minha cabeça, confusa sabes, teria tanto para te contar se te voltasse a ver...
Cresci, sem te ter aqui, mas sempre contigo na lembrança, no coraçao, interrogando-me se o ar ainda circularia dentro do teu corpo, ou se serias alguma tragica noticia de jornal!
Sempre te recordei com carinho, a ternura dos momentos que previligias-te a minha vida ao compartilhares o pouco do teu tempo para ser menina e que permitis-te que eu estivesse incluida!
Sempre te mantive viva dentro do meu coraçao, e guardo religiosamente a unica agora lembrança , da tua pureza, a ultima brincadeira de meninas que por ventura teras tido:
2 meninas num fundo de quintal, brincando com bonequinhas, e o ultimo abraço apertado que me deste, a profunda ligaçao emocional que deixas-te em mim, e que permite que jamais te tenha conseguido ofuscar do meu pensamento, ainda que sem nunca mais ter sabido de ti.
Fizeste a tua escolha, sentis-te o fundo do abismo e achas-te que nao havia mais alguma saida do buraco negro e frio em que vivias, e eu compreendo, compreendo que tenhas fugido de tudo e todas as coisas, para tentar uma ultima vez recuperar a vida que nunca tiveste e que por direito era tua, e que as despedidas poderiam demover-te da tua decisao perigosa e entao aceito que tenhas partido, esperando que tenhas finalmente encontrado o lugar e a familia que te deixe ser a menina que nao tiveste oportunidade de ser, e tudo o que desejo e´ que estejas bem e sejas feliz, num qualquer lugar, e quem sabe te recordes daquele ultimo dia como eu recordo, e as palavras que me disses-te:

" Sao para ti, porque eu gosto muito de ti!"

esta carta e´ entao para ti, quem sabe um dia se ainda a leras e teras coragem de retomar um minuto ao passado e fazer-me saber que estas viva e es feliz!
deixo-te entao umas novas palavras que entoam dentro de mim quando te recordo:


Nunca te esquecerei, onde quer que estejas, qualquer que seja agora o teu nome, a menina das spice girls perfumadas,a cinderela perdida dos contos de fadas!

Um terno abraço, apertado, sentido, em teu corpo e coraçao Marilia.

quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Paragem de autocarro





Nao sei que dia seria, nem tao pouco onde estava eu, mas seguia naquele velho autocarro sem paragem pretendida, sozinha num lugar a dois, junto da porta que me levaria, talvez, ja nao sei, a lugar algum protenso a algo mais, e vi-te claramente alguns lugares mais a frente, sentado a espera que eu fosse de encontro contigo, e ao perceberes que algo mais havia se passado, levantas-te-te e sentas-te-te do meu lado, com aquele sorriso tamanho do mundo, como quem fala sem dizer nada, e eu sabia o que estava a ouvir da tua boca calada!
Depois disso, pouco mais ficou, acho que ficou apenas a recordaçao dessa troca de olhares dentro de um antigo autocarro que rumava a lugar nenhum, e em que juntos, sem que palavras fossem ditas e mal interpretadas, e tudo o que veio depois, fiz questao de nem tentar lembrar, tinha a serena sensaçao que este seria o unico momento e quiça ultimo, que quereria voltar a reviver: o sorriso estampado na tua cara e o teu doce olhar;
Nunca me conheces-te verdadeiramente e foram mais as vezes em que mal me interpretas-te que as que me compreendes-te, e tantas as vezes em que me julgas-te por meras conversas que surgiram a conta de outrem e que nunca a ti te foram destinadas;
Mas tu nao sabias, nunca o poderias saber se nunca to havia dito, nem tinha pretensao para tal, pois nao sei se sabes, mas quando se consegue recuperar de uma queda de abismos, nao se tem coragem ou pretende aproximar de um outro, com receio de cair novamente;
Mas nao me quero aprofundar, que historias assim ja sei como terminam, visto que sei como sera o desenrolar desta fatidica historia de contos mil, que outrora vivi com almas gemeas de outras vidas que teimaram cruzar comigo uma e outra vez mais!
Aquela viagem de autocarro contigo foi a melhor que algum vez fiz ao teu lado.. estava contigo... ainda que tu nao o soubesses jamais!