quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Paragem de autocarro





Nao sei que dia seria, nem tao pouco onde estava eu, mas seguia naquele velho autocarro sem paragem pretendida, sozinha num lugar a dois, junto da porta que me levaria, talvez, ja nao sei, a lugar algum protenso a algo mais, e vi-te claramente alguns lugares mais a frente, sentado a espera que eu fosse de encontro contigo, e ao perceberes que algo mais havia se passado, levantas-te-te e sentas-te-te do meu lado, com aquele sorriso tamanho do mundo, como quem fala sem dizer nada, e eu sabia o que estava a ouvir da tua boca calada!
Depois disso, pouco mais ficou, acho que ficou apenas a recordaçao dessa troca de olhares dentro de um antigo autocarro que rumava a lugar nenhum, e em que juntos, sem que palavras fossem ditas e mal interpretadas, e tudo o que veio depois, fiz questao de nem tentar lembrar, tinha a serena sensaçao que este seria o unico momento e quiça ultimo, que quereria voltar a reviver: o sorriso estampado na tua cara e o teu doce olhar;
Nunca me conheces-te verdadeiramente e foram mais as vezes em que mal me interpretas-te que as que me compreendes-te, e tantas as vezes em que me julgas-te por meras conversas que surgiram a conta de outrem e que nunca a ti te foram destinadas;
Mas tu nao sabias, nunca o poderias saber se nunca to havia dito, nem tinha pretensao para tal, pois nao sei se sabes, mas quando se consegue recuperar de uma queda de abismos, nao se tem coragem ou pretende aproximar de um outro, com receio de cair novamente;
Mas nao me quero aprofundar, que historias assim ja sei como terminam, visto que sei como sera o desenrolar desta fatidica historia de contos mil, que outrora vivi com almas gemeas de outras vidas que teimaram cruzar comigo uma e outra vez mais!
Aquela viagem de autocarro contigo foi a melhor que algum vez fiz ao teu lado.. estava contigo... ainda que tu nao o soubesses jamais!

1 comentário:

Celina Dutra disse...

Bonito e triste, Dana.

Girassóis no seu dia. Beijos