domingo, 31 de julho de 2011

Deixo-me..







Deixo-me cair petrificada sobre o chão manchado pelo sangue e lágrimas que outrora criavam caminhos e penso no amago de mim mesma, e admoesto a minha pessoa tudo o que dilapidei em tempos fugazes de antigas vidas.
Deixo o silêncio cair sobre este mesmo chão, lado a lado do corpo meu, ardiloso e insolente, sabendo já qual o ruar deste fenecimento.
Deixo que as palpebras caiam sob meus olhos e abafem todo e qualquer alarido que me tente roubar a este meu pândego homizio que de tão fleumático e frugal o encontro no somente meu amago!

quinta-feira, 14 de julho de 2011

Tem por ai menina....




Existe uma menina que vive todo o dia triste,
porque olha no lado,
e vê uma magrinha dizendo que tem que emagrecer,
e então ela fica em querer
que ela também o tem que fazer!

E toda a vez que alguém a visita,
faz sempre questão de relembrar,
que cada vez mais ela engorda,
e que isso nunca mudará!

E ela chora,
ignora,
mas fica sempre a pensar:
"è, eu vou ter mesmo que mudar!"

E como não consegue emagrecer,
passa a vida sem querer comer,
e a contar caloria,
na esperança que agora,
muito peso consiga perder.

E ela volta a chorar,
porque só se vê a engordar,
ainda que sem nada todo o dia comer!

E se perde no frigorifico,
envolta de doce calorifico,
enquanto acompanha com lágrimas salgadas,
o que encontra de restos na sua madrugada!

E todo o dia se farta de ouvir,
menina magra falar:
"ai eu preciso emagrecer,
que comi muito ao jantar,
a salada era grande demais!"

E então ela se recolhe,
e mesmo sabendo que essa garota de anorexia sofre,
ela sempre fica com o pensamento:
"Nossa, igual a ela eu quero ser!"
E prefere passar fome,
sabendo que assim um dia morre,
mas nunca mais irá chorar,
por ter de ouvir alguém chamar,
a palavra que pela qual muita menina morre:

G-O-R-D-A!


Triste, mas é assim.....

quinta-feira, 7 de julho de 2011

Naquela rua escura...




Perdi-te naquela rua escura...
Perdi-te de mim, perdi-me de ti.
Deixei-me vaguear pelos trilhos semi amargos do prepotente caminho amargurado que fui eu quem escolhi...foi onde eu me perdi!
Deixei-te cair dormente sereno, com pensamento pleno, do que fazer ali, saí, foi assim que eu decidi.
Somente escuridão restou dentro de nós, ainda que saiba que encontrarás, em plenas folhas desmaiadas a teus pés, as pedras que te elevaram a teu destino, cretino, o meu, assim o será, pelos pecados que em outras milhares de vidas cometi!
Desmancho-me então em pedaços de vidas que fui, que sonhei vir a ser, que ostentei a capacidade de conseguir...e deixo o tempo correr, ao soprar do vento, descrente veemente, que de contente me sopra o ouvido, que pior, ainda há-de vir!


Perdi-te naquela rua escura...quando a lua iluminou o caminho generoso que haverias de cumprir.
Perdi-te de mim,
somente tu de mim,
pois eu,
já perdida nasci!

sexta-feira, 1 de julho de 2011

A minha constante inconstância





È uma luta constante.....

todos os dias,
por vezes durante horas,
sem um cessar fogo aparentemente á vista.

De um momento para o outro,
o sorriso esbate,
o corpo esmolece,
a mente estremece,
e a vida desmorona.

De um momento para o outro,
o alter ego profundamente incomodativo e egoísta
submerce na alma e gela o coração,
petrifica-me instantaneamente
e revolta o pensamento feroz e volátil.

E eu quebro,
e eu cedo,
e desmancho-me em pedaços de mim mesma,
numa outra versão incapaz,
impaciente,
e torno-me amarga,
descrente,
anti socialmente capaz de ser.

E por vezes, não consigo vencer,
e deixo-me afastar,
submersa em profundezas obscuras e homiziosas,
perco-me na vastidão da amargura dentro de mim.

E por vezes, consigo vencer,
e impeço que vozes ditem as minhas palavras
e chacino alter egos absurdos e belicosos,
e sou capaz de ser apenas eu mesma.

è uma luta constante ... e ao que parece.. perene!
Tento vencer, ainda que quase sempre seja o mesmo fenecimento.

A ti, somente a ti




Incomoda-me que a última lembrança que possuo da tua pessoa seja uma face como que enevoada pelo tempo e pela minha cabeça, apenas os traços fortes de quem tu foste ficaram marcados em mim:
o teu cabelo com aquele corte tigelinha que eu detestava profundamente e do qual tu tanto te orgulhavas, a cor dos teus olhos castanho avelã, que eu invejava todas as vezes que os via, o seres mais alto que eu, mesmo quando tentavas ficar olhos nos olhos comigo e dizias que eras apenas um menino....eras já tu um homem!...
lamento muito ter-te perdido tão mais cedo que imaginava, e lamento também na correria daquela despedida, soubesse eu que seria a última, não te ter dado aquele abraço apertado que tanto queria...
lamento que a minha cabeça veja apenas uma imagem semi perfeita daquele adeus atirado da porta de um autocarro que te levava depressa demais do nosso reencontro tão fugaz...
lamento, mas já lamentei tantas vezes antes, que decidi trocar todos os meus lamentos de tudo em ti que esqueci e trocá-los pelo magnífico por do sol, em que semi desnudado, enrolado numa simples toalha de praia, me lançavas os braços num abraço apertado, e me pedias um beijo....de todas as tristezas que a tua partida deixou em mim, foram as alegrias que me permitis-te sentir e nunca esquecer com o tragico passar dos anos, que permanecem sempre em mim, e na lembrança da pessoa linda que foste e que eu tive a grande oportunidade de conhecer e ter na minha vida, inda que somente em pequenos momentos efemores, mas eternos.

A ti, somente a ti, meu querido, meu anjo, um doce e terno beijo, como aquele que tanto me pedias....

A PEDIDO DE UM LOUCO!





- Vem comigo a Paris!!!
Faz a mala, fica pronta, não penses em nada, apenas vem!


- E eu fui....

ainda que só em sonho,
fui contigo até Paris,
jantamos ás luz de velas no Le Saut du Loup,
como tu sempre dizias;
"jantar e depois regalar as vistas"
e depois regalámos e encantamo-nos,
e ficamos perdidos pelos jardins do Carrousel,
perdidos por entre risos, instantes efémores, contos de mel....
E vimos o Sena, e espreitámos o Louvre,
e gritámos do alto da Eiffel... mas essencialmente ficamos juntos....
Ficamos juntos, cada um no seu recanto,
apenas olhando nos olhos
deitados numa mesma cama,
sem um único toque trocar,
nem um tão somente beijo dar,
calamos todas as palavras que queriam gritar,
"que os teus olhos já me beijam e os meus a ti tudo te confessam!"
E as horas se passaram, e um novo dia nasceu...
Na "nossa Paris, a dos eternos amantes"
inda que nunca o tenhamos sido,
inda que nunca o possamos vir a ser!

"Ma belle, mon amour, tout et tout pour toi....
Mon essence.. l'essence de mon âme!"

- Eu sei, sei que não virás, mas um dia, ainda iremos... á nossa, somente nossa, A Amante, Paris!