segunda-feira, 5 de setembro de 2011

As cartas, meu amor, que não eram para mim





Ai, amor,
as cartas todas que me escreves-te,
soube, que não as escreves-te a mim,
e enganas-te-me dizendo,
que o teu pensamento era eu,
e em mim,
me tinhas por dentro e por fora,
todavia, toda a hora,
enquanto com ela,
somente na hora,
te lembrava por fim,
sim, de mim;

Amor,
ai, meu amor,
soubesse eu naquela demora,
que não seria mais hora,
de ter me já não mais em ti,
e deixaria que tu,
já não mais agora,
provasseís de mim, senhora,
os lábios que tanto desejavéis;

E agora,
em tão amargurada hora,
me vou embora,
e te deixo assim,
perdido no tempo,
algures do momento,
em que já finalmente,
não mais te quis....

E assim me vou, e deixo rasgadas, todas as papeladas, que juráveís serem para mim, e que em teu pobre coração, endereçavas a ela....

1 comentário:

Sandra Portugal disse...

Que coisa mais linda!
Que espaço repleto de amor!
Sandra
http://projetandopessoas.blogspot.com//